sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Aos amigos e ex amigos

Desculpe-me pelo que a minha ansiedade me levou a fazer

Desculpe-me pelo que a minha ansiedade me levou a fazer.
Quero que você saiba que não fui eu, foi minha ansiedade. Não sou eu, é um desequilíbrio químico em meu cérebro.
Não é quem eu sou totalmente, é apenas uma parte de mim.
A ansiedade me faz falar rapidamente, ou apenas não falar. Ela me faz ficar acordado até tarde, perambulando até as 3 da manhã enquanto minha mente ainda corre uma maratona.
A ansiedade me faz ter olheiras tão escuras que nem o mais caro dos corretivos pode combatê-las. Ela faz meus olhos queimarem enquanto eu olho para o Sol da manhã e tento me livrar da exaustão.
Ela me deixa realmente cansada.
Me desculpe pelo que minha ansiedade me levou a fazer. 
Você precisa saber que essa não sou eu. Não é quem eu sou ou quem eu quero ser. É a ansiedade.
A ansiedade faz com que eu vá sem parar. Ela faz com que eu vá vá e vá até acabar meu gás. Ansiedade me faz recomeçar de novo, e de novo, e de novo.
Ela me faz falar coisas que eu não deveria dizer. Ela faz com que eu espalhe segredos que não deveriam ser compartilhados. Ela me faz falar sobre a personalidade das outras pessoas pelas costas, apenas para que eu me sinta um pouco mais vivo.
A ansiedade me transforma em alguém que eu não quero ser.
A ansiedade me faz perder alguns amigos. Ela me deixa paranóica sobre ninguém me amar de verdade. Ela me faz cancelar encontros porque tenho medo. Ela faz minhas mãos tremerem por motivo algum. Ela me faz achar que estou ficando louca.
A ansiedade me faz ficar em casa quando o tempo está lindo e ensolarado. Ela me faz não encontrar meus amigos ou parentes, mesmo que eu queria encontrá-los.
Ela me faz tomar uma pílula toda manhã para combater os demônios na minha cabeça.
A ansiedade me faz pensar as piores coisas sobre mim mesma.
A ansiedade me diz que não sou boa o bastante, que não sou forte o bastante. Ela me diz que sempre estarei sozinha e que sempre será assim. Ela me diz que meus amigos não são meus amigos de verdade e que ninguém nunca irá me amar.
Me diz que nunca superarei meus antigos relacionamentos, não importa quanto tempo passe.
A ansiedade faz com que eu me torne uma versão mais triste de mim.
Ela faz com que eu gagueje e não possa beber muito café. Ela me deixa com medo do amor. Ela me faz cancelar meus planos.
A ansiedade faz com que eu me isole de todas as pessoas que amo.
Ela me deixa cansada, ela faz com que seja tão difícil respirar quando tudo que eu quero é respirar.
A ansiedade faz com que eu esconda minhas mãos das pessoas para que elas não possam ver minhas unhas pintadas.
Ela me faz odiar a todos e a tudo. Ela me faz pensar que não há sentido algum na luz do dia, que há muito mais escuridão no mundo do que eu possa imaginar.
Então, me desculpe pelo que minha ansiedade me levou a fazer. Eu lamento pelo que minha ansiedade me diz.
Me desculpe por cancelar com você. Me desculpe pelas mensagens que mandei bêbada. Me desculpa por morder meus dedos até sangrarem. Me desculpe por tentar respirar. Me desculpe por cuspir as palavras ao invés de deixar que meu cérebro acompanhe meus pensamentos.
Me desculpe por pensar demais, me desculpe por não conseguir mudar isso. Me desculpe pelo meu cérebro. Me desculpe, mas você tem que lidar com isso.
Espero que você entenda: a culpa é da ansiedade, não minha.

Por Awebc - Publicado em 10 de setembro de 2017


Este artigo é uma tradução do Awebic do texto originalmente publicado em Thouaht Catálogo, por Lauren Jarvis-Gibson.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Confesso

Confesso que ando bem cansada. Mas um cansaço diferente, um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada e de deixar as coisas acontecerem. 
Confesso que às vezes me dão umas crises de choro que parecem que não vão parar nunca, um medo e ao mesmo tempo uma certeza de tudo que quero ser e do que quero fazer. 
Confesso que você estava em todos esses meus planos, mas vejo as coisas escorrendo entre meus dedos, se derramando, não me pertecendo. 
Estou realmente cansada.
Cansada de ser mar agitado, de ser tempestade, quero ser mar calmo. Preciso de segurança, de compreensão, de abraços, de atenção, de alguém que sente ao meu lado e diga: “Calma, eu estou com você e vou te proteger! Nós vamos ser fortes juntos.”
Confesso que preciso de sorrisos, abraços, chocolates, bons filmes, paciência e coisas desse tipo.

Confesso que ando cansada de tudo e com uma imensa vontade de desistir...

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Pensamentos soltos

É que amar tem tantos significados que a gente se perde.
Talvez seja outra coisa.
Aquela mistura de pé no chão e cabeça no peito de alguém...
É um ir embora e levar tudo de outra pessoa com você, olhos, cheiro, mãos, palavras...
É sentir-se livre estando preso...
É deixar livre e ficar leve...
É saber que o coração do outro não nos pertence, mas mesmo assim, alguém quer dá-lo a nós...
E é ter gratidão por isso...

domingo, 23 de julho de 2017

Amizades

Penso que umas das coisas mais bonitas que existem é a amizade. É tão simples e ao mesmo tempo tão incrível e complexa, mas às vezes deixamos de lado aqueles que queremos por perto e nem ao menos paramos para pensar o que houve. Estamos ocupados demais para notar, e só notamos a ausência quando já estão longe demais. E infelizmente nem sempre estamos dispostos a fazer o caminho inverso para tê-los conosco novamente, geralmente não temos tempo, coragem ou disposição para isso.
Existem tantas pessoas importantes em nossa vida, que em algum momento marcaram profundamente nossa história, mas que por algum motivo acabamos deixando para trás, perdemos a comunicação, abrimos mão da companhia agradável, seja por um mal entendido, uma desavença justificada ou injustificada, ou simplesmente por causa da correria do dia a dia mesmo.
Já parou pra pensar que na infância somos amigos de todos? Qualquer outra criança é um parceiro em potencial para nossas brincadeiras (como as crianças são felizes). Na adolescência fazemos grandes amigos, amizades marcantes, amigos-irmãos. Já adultos, acabamos perdendo os velhos e bons amigos em troca do trabalho, da rotina ou do orgulho mesmo. Não vale a pena, não é uma troca justa, é nesse momento que mais precisamos deles. 
A amizade é um bálsamo que nos leva a compreender como somos importantes para algumas pessoas e como essas pessoas são importantes para nós e o quanto isso é bom.
Por mais que tenhamos mudado ao longo do tempo, a amizade deveria continuar a mesma. As pessoas mudam, mudamos  o tempo todo e estamos em constante transformação, e esse não deve ser o motivo de abrirmos mão das pessoas que amamos só porque ela não é mais a mesma de tempos atrás. Mas é por causa dessas diferenças que acabamos construindo muros que nos separam dos amigos. Não deveria ser assim.
É hora de derrubar os muros que construimos a nossa volta e construir pontes que nos ligam aos outros, porque ninguém consegue ser feliz sozinho.
Precisamos, e muito, uns dos outros, o nosso orgulho às vezes não deixa que pensemos assim, achamos que "sozinho eu me basto". Mas não é assim.
O perdão, a humildade e a compreensão são essenciais para nos ligar à aqueles que deixamos pelo caminho. 
Precisamos erguer as pontes quebradas.
Quando perdemos alguém que amamos, ou sentimos que estamos prestes a perder, tudo o que pensamos é como gostaríamos de ter tido mais tempo ao lado dessa pessoa, pensamos nos sorrisos que não demos juntos, nos lugares que não visitamos e nas alegrias que não compartilhamos. No final o que importa mesmo são os relacionamentos que construímos, o que de fato fizemos pelo outro.
A vida é como uma vela ao vento, basta um sopro e tudo se acaba. 
É hora de assumirmos nossos erros e perdoar os erros dos outros, não temos tempo pra ressentimentos.
Porque não dar o primeiro passo em direção ao outro? Cristo nos ensina que independente de quem cometeu o erro, nós sempre devemos busca-las, seja perdoando ou pedindo perdão, sem justificativas tolas.
Cultivar amizades verdadeiras e não deixar que a correria nos façam esquecer o prazer de uma boa companhia é uma dádiva.
Se doar sem ressalvas, ter um ombro para chorar e ser esse ombro para os outros chorarem é uma forma de construir pontes e derrubar os muros que construimos.
A vida é bem mais bonita quando temos amigos para compartilhar tristezas e alegrias, para dividir as cargas. 
Os amigos de verdade nos amam em todos os momentos e nos momentos difíceis surge um irmão que compartilha nossa dor como sendo dele e tudo fica mais leve.
Talvez agora há algum amigo que está do outro lado da ponte, alguns estão ansiosos pela reaproximação e não vêem a hora de dar aquele longo abraço.
As vezes os que estão do outro lado da ponte podem se mostrar irredutíveis e não querendo uma reconciliação, talvez estejam magoados e precisem de mais tempo, mas devemos deixar claro que a ponte que nos une está construída e que estamos aguardando pacientemente pela reaproximação.
Magoa e ressentimento só servem pra fazer a gente adoecer, bobagem perder grandes amigos por orgulho.


Quero dedicar esse texto a um amigo especial que tive a oportunidade de esclarecer alguns mal entendidos, que a ponte que nos une jamais seja quebrada, e se for, não medirei esforços para reconstruí-la, porque tê-lo ao meu lado me torna uma pessoa melhor.

domingo, 16 de julho de 2017

Sobre o tempo

Dizem por aí que o tempo cura tudo, acredito que na verdade ele só traz, ao longo dos dias, a sensatez necessária para enxergarmos o que deixamos passar enquanto estávamos cegos pela dor.
Serenidade traz sabedoria.

sábado, 22 de abril de 2017

Aprendi com o tempo

Uma das coisas mais importantes que aprendi com a maturidade é que o amor não tem nada a ver com pertença e fui descobrindo isso a duras penas, que quando se ama de verdade mais do que querer ter ou pertencer a pessoa, o que dá real sentido ao amor é desejar a felicidade do outro seja como for, ainda que isso custe um preço alto o amor traz paz ao coração quando sabemos que o outro está feliz.
Aprendi que o amor não é pertença nos momentos em que me vi longe, e mesmo estando triste por isso existia em mim uma calmaria, sentia como se uma brisa leve soprasse suave a minha alma, pois sabia que ele estava onde escolhera estar, e isso o faz feliz, e saber que o outro está bem me trouxe uma imensa paz.
Talvez seja isso o amor ágape, o amor sacrificial, doador e incondicional, ele não depende de uma resposta positiva pra existir. E por ser incondicional ele acontece a partir da decisão de amar.
Esse amor é o mais puro...
Mesmo que a pessoa erre, continuamos amando-a, pois o que nos desagrada são as suas atitudes, porém o nosso amor por ela permanece inabalável, ou até mesmo se a pessoa estiver a quilômetros de distância a alma está em paz, pois o amor desconhece o tempo e a distância e o único desejo é o de querer ver o outro bem e feliz.
Talvez um dia eu possa mais uma vez sentir o seu seu toque, saborear o seu beijo, sentir o seu coração pulsar tão próximo ao meu, talvez um dia eu sinta o abraço com desejo de querer mais, talvez um dia...
Se isso vai acontecer novamente eu não sei, mas sei que por causa dele eu descobri e aprendi o que é o amor de verdade e isso foi o mais valioso que descobri em mim, a capacidade de amar sem nada esperar, simplesmente amar...

"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor."  1 Coríntios 13:13

sábado, 4 de março de 2017

Reencontro

Foto antiga, Estrada da Graciosa-PR

E nossos caminhos sempre se cruzam...
Cada caminho indo em uma direção mas há sempre uma esquina e há sempre a possibilidade do reencontro, e quando esse acontece atravessamos a rua das lembranças e alcançamos aquele velho baú empoeirado. 
As mãos postas sobre ele e um misto de medo, ansiedade, curiosidade e contentamento em reencontrá-lo. 
Abrir? Talvez.
É um risco grande, pois de lá podem sair inúmeras ataduras que foram guardadas depois de cicatrizadas algumas feridas.
Mas também podem sair boas histórias que anseiam pelo tão aguardado momento de dançar denovo.
Ah vida que nos surpreende sempre...
Ainda não decidi se paro nessa esquina ou se sigo o meu caminho deixando lá o baú empoeirado.
O reencontro aconteceu, e agora o que fazer dele? Sei lá...

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Por do sol

E aquele por do sol...
O céu ainda claro, clareava o caminho, iluminava o silêncio e aquecia a alma.
Mas ele se foi... e veio o crepúsculo e a hora triste, e logo tudo era breu...
Como uma chama que se apagou e tudo se tornou escuridão, as estrelas no céu bailavam ao som do nosso silêncio, haviam tantas coisas pra se falar mas as palavras não eram suficientes, então escolhemos o silêncio.
Lá fora a noite tornava tudo muito escuro, mas por dentro uma luz intensa e um querer absurdo de parar o tempo impulsionavam os pensamentos.
Os pensamentos... ah os pensamentos... as vezes tão longe mas o motivo deles ali tão perto... Mas intocável...
E foi então que redescobri o amor. Tão puro quanto as águas que jorravam daquela fonte ao fundo, sem interesse algum a não ser o de simplesmente amar.