domingo, 23 de julho de 2017

Amizades

Penso que umas das coisas mais bonitas que existem é a amizade. É tão simples e ao mesmo tempo tão incrível e complexa, mas às vezes deixamos de lado aqueles que queremos por perto e nem ao menos paramos para pensar o que houve. Estamos ocupados demais para notar, e só notamos a ausência quando já estão longe demais. E infelizmente nem sempre estamos dispostos a fazer o caminho inverso para tê-los conosco novamente, geralmente não temos tempo, coragem ou disposição para isso.
Existem tantas pessoas importantes em nossa vida, que em algum momento marcaram profundamente nossa história, mas que por algum motivo acabamos deixando para trás, perdemos a comunicação, abrimos mão da companhia agradável, seja por um mal entendido, uma desavença justificada ou injustificada, ou simplesmente por causa da correria do dia a dia mesmo.
Já parou pra pensar que na infância somos amigos de todos? Qualquer outra criança é um parceiro em potencial para nossas brincadeiras (como as crianças são felizes). Na adolescência fazemos grandes amigos, amizades marcantes, amigos-irmãos. Já adultos, acabamos perdendo os velhos e bons amigos em troca do trabalho, da rotina ou do orgulho mesmo. Não vale a pena, não é uma troca justa, é nesse momento que mais precisamos deles. 
A amizade é um bálsamo que nos leva a compreender como somos importantes para algumas pessoas e como essas pessoas são importantes para nós e o quanto isso é bom.
Por mais que tenhamos mudado ao longo do tempo, a amizade deveria continuar a mesma. As pessoas mudam, mudamos  o tempo todo e estamos em constante transformação, e esse não deve ser o motivo de abrirmos mão das pessoas que amamos só porque ela não é mais a mesma de tempos atrás. Mas é por causa dessas diferenças que acabamos construindo muros que nos separam dos amigos. Não deveria ser assim.
É hora de derrubar os muros que construimos a nossa volta e construir pontes que nos ligam aos outros, porque ninguém consegue ser feliz sozinho.
Precisamos, e muito, uns dos outros, o nosso orgulho às vezes não deixa que pensemos assim, achamos que "sozinho eu me basto". Mas não é assim.
O perdão, a humildade e a compreensão são essenciais para nos ligar à aqueles que deixamos pelo caminho. 
Precisamos erguer as pontes quebradas.
Quando perdemos alguém que amamos, ou sentimos que estamos prestes a perder, tudo o que pensamos é como gostaríamos de ter tido mais tempo ao lado dessa pessoa, pensamos nos sorrisos que não demos juntos, nos lugares que não visitamos e nas alegrias que não compartilhamos. No final o que importa mesmo são os relacionamentos que construímos, o que de fato fizemos pelo outro.
A vida é como uma vela ao vento, basta um sopro e tudo se acaba. 
É hora de assumirmos nossos erros e perdoar os erros dos outros, não temos tempo pra ressentimentos.
Porque não dar o primeiro passo em direção ao outro? Cristo nos ensina que independente de quem cometeu o erro, nós sempre devemos busca-las, seja perdoando ou pedindo perdão, sem justificativas tolas.
Cultivar amizades verdadeiras e não deixar que a correria nos façam esquecer o prazer de uma boa companhia é uma dádiva.
Se doar sem ressalvas, ter um ombro para chorar e ser esse ombro para os outros chorarem é uma forma de construir pontes e derrubar os muros que construimos.
A vida é bem mais bonita quando temos amigos para compartilhar tristezas e alegrias, para dividir as cargas. 
Os amigos de verdade nos amam em todos os momentos e nos momentos difíceis surge um irmão que compartilha nossa dor como sendo dele e tudo fica mais leve.
Talvez agora há algum amigo que está do outro lado da ponte, alguns estão ansiosos pela reaproximação e não vêem a hora de dar aquele longo abraço.
As vezes os que estão do outro lado da ponte podem se mostrar irredutíveis e não querendo uma reconciliação, talvez estejam magoados e precisem de mais tempo, mas devemos deixar claro que a ponte que nos une está construída e que estamos aguardando pacientemente pela reaproximação.
Magoa e ressentimento só servem pra fazer a gente adoecer, bobagem perder grandes amigos por orgulho.


Quero dedicar esse texto a um amigo especial que tive a oportunidade de esclarecer alguns mal entendidos, que a ponte que nos une jamais seja quebrada, e se for, não medirei esforços para reconstruí-la, porque tê-lo ao meu lado me torna uma pessoa melhor.

domingo, 16 de julho de 2017

Sobre o tempo

Dizem por aí que o tempo cura tudo, acredito que na verdade ele só traz, ao longo dos dias, a sensatez necessária para enxergarmos o que deixamos passar enquanto estávamos cegos pela dor.
Serenidade traz sabedoria.